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Entre as drásticas mudanças que o pensamento científico sofreu no século vinte, em todas as áreas, pode-se citar com particularidade a administração das organizações feitas pelo homem com a finalidade de produzir mais e melhor. As descobertas científicas da Época Moderna e a Revolução Industrial abriram essa possibilidade, entretanto foi somente no período posterior à Segunda Guerra Mundial que surgiram, dentro do mundo corporativo, ideias que realmente inovaram o pensamento administrativo aplicado à gestão de uma empresa.

A Teoria Geral dos Sistemas, concebida a partir do pensamento do biólogo austríaco radicado nos Estados Unidos, Karl Ludwig Von Bertalanffy, trouxe à luz do conhecimento, uma realidade que era por poucos percebida. A complexidade orgânica dos seres vivos e da interação dos mesmos no meio em que vivem constituíam um todo maior e mais completo do que as partes que os compunha. Contrariando Aristóteles e posteriormente Descartes, que afirmavam que todas as coisas e seres no mundo eram apenas a soma daquilo que os formavam, Bertalanffy sugeriu, com sua teoria sistêmica, que o complexo orgânico em funcionamento equilibrado era um todo mais amplo e abrangente do que o mero resultado da soma de suas partes. São os sistemas "vivos", analisados como sistemas "abertos" pois interagem com o meio onde estão, mantendo um contínuo intercâmbio de matéria/energia/informação com o ambiente.

Direcionando o pensamento sistêmico para a gestão de organizações de negócios, vemos que as partes que formam uma empresa - prédios, estruturas, instalações, equipamentos, setores, departamentos, pessoas e ideias - formam, somados entre si, algo realmente muito maior. Essa estrutura e o resultado de suas forças convergentes resultam em uma espécie de abstração que possui forma e vida própria no mundo real. Possui até personalidade, condição de vida, saúde ou doença, continuidade ou desaparecimento e capacidade polimórfica de adaptação ao cenário onde está inserida, regulando-se e promovendo a sustentação da vida e dos seres, que são partes componentes de sua construção e todo o universo adjacente e dependente dessa estrutura e da ação de suas partes. A importância da Teoria Geral dos Sistemas é significativa tendo em vista a necessidade de se avaliar a organização como um todo, indo além da visão fracionada dos departamentos ou setores, identificando o maior número de variáveis possíveis, externas e internas que de alguma forma influenciam em todos os processos existentes na organização.

A crescente e natural interação das muitas disciplinas da Ciência Moderna provoca o que hoje está se entendendo como multidisciplinaridade, ou seja, a fusão interativa entre as múltiplas áreas da Ciência que estudam um tema em comum. Assim as organizações de trabalho, sob a ótica da Teoria Sistêmica, possuem características de autorregulação e adaptabilidade, probabilística, morfogênese e resiliência, devido à sua relação intrínseca com o meio exterior. A exemplo disso vemos hoje o crescente uso das tecnologias de informação e comunicação e a cibernética acelerando o processo desta característica natural de toda organização. Assim surge o conceito de Gestão Sistêmica, definindo que gerir esta estrutura que em si é algo maior e mais complexo que as partes que a compõem. É necessário respeitar as características de cada parte desta composição, porém olhando-as como um todo interdependente. Na ausência ou debilidade de qualquer uma destas partes, este todo apresenta dificuldades de funcionamento ou até deixa de existir.

Para possibilitar a Gestão Sistêmica, a Educação Corporativa assume o papel de construtora dos recursos. Regula a capacidade dos agentes dentro da organização e promove a homeostase necessária, equilibrando o potencial competitivo dos membros de uma empresa e permitindo que todo o potencial de habilidades individuais seja aplicado com resultados positivos. Os processos que se valem da Gestão Sistêmica são executados com a percepção e a consideração de todas as partes, bem como de suas relações de interdependência. Os resultados financeiros que sustentam a vida das organizações empresariais são obtidos a partir das ações realizadas junto aos mercados. Para possibilitar as ações comerciais, faz-se necessário produzir, servir e entregar em conformidade com as expectativas daqueles que são atendidos. Sendo que somente se faz possível assim proceder quando se tem os devidos recursos em quantidade e qualidade na devida disposição para seu uso. O que exige resultados financeiros para garantir sua obtenção. Eis que se delineia a relação sistêmica nos processos corporativos. Os operadores desses processos são os profissionais que, quando devidamente capacitados, podem assegurar a prática das corretas execuções. Portanto, a Educação Corporativa aplicada juntamente à Gestão Sistêmica é a garantia de que os profissionais que operam os processos organizacionais estarão capacitados para tal atribuição.