A compreensão da realidade, o autoconhecimento e o crescimento pessoal sempre foram características marcantes da consciência humana em suas buscas. Assim, as fases de desenvolvimento pelas quais passa uma pessoa, desde a primeira infância até a maturidade e posterior envelhecimento, são preenchidas por uma espécie de crescimento e expansão inexoráveis. Este processo foi muito bem identificado inicialmente por Carl Gustaf Jung, chamado por ele de “tornar-se si mesmo” ou “individuação”, onde cada pessoa está sempre desenvolvendo a consciência de seu “eu” em um amadurecimento constante até o fim da vida. Posteriormente o psicólogo e psicoterapeuta norte-americano Carl Ransom Rogers em sua pesquisa sobre o olhar individualizado de seus pacientes, percebe a importância de tratar cada pessoa exatamente como ela de fato é em sua realidade e em seu mundo particular.

A importância da abordagem destes dois pesquisadores está no fato de que cada pessoa possui particularidades próprias, que devem ser respeitadas fielmente, para que se possa entendê-las de modo integral. Dentro deste conceito a Teoria dos Tipos Psicológicos, da autoria de Carl Gustaf Jung, utilizada como instrumento de identificação de algumas particularidades básicas do indivíduo, coopera no sentido do entendimento do direcionamento necessário que cada pessoa precisa para manter-se no caminho do seu tornar-se “si mesmo”. No mesmo sentido, Carl Ransom Rogers trabalhou focado na capacidade que cada pessoa traz em si para resolver seus problemas. Afastou-se do determinismo para olhar o ser humano com suas competências naturais e capaz de encontrar respostas para suas inquietações. Acreditou ser mais importante avaliar a biopsíquica integral de cada caso para após isso deter-se no âmbito puramente intelectual.

Os conhecimentos sobre o “Processo de Individuação”, especialmente apontam no sentido de se conhecer com mais clareza como se dá o fenômeno da formação da personalidade, e com isso trazer à luz do conhecimento científico a experiência que acontece naturalmente no íntimo de cada ser. E é exatamente essa experiência natural, presente em cada um no seu processo particular de amadurecimento e aprendizagem da vida, que fornece a base para o entendimento de uma pessoa pelo outro. Com isso, há todo um trabalho realizado pelo próprio indivíduo no sentido de auto-aceitação e compreensão de suas particularidades, em um processo não-linear, complexo e que exige esforço e dedicação constantes. Dentro da mesma tese junguiana, a formação da personalidade como meta de desenvolvimento também passa pelo processo do surgimento da vontade e desejo do melhor para si. É uma força que surge da própria necessidade imposta pela vida e que combinada com o direcionamento de vontade consciente, leva o indivíduo ao crescimento e fortalecimento interior.

A partir do ponto em que a pessoa vive a experiência do encontro entre a necessidade e a vontade consciente, está formada uma condição que propicia o que pode se chamar de “vocação” ou chamado da consciência para a construção daquilo que foi eleito pela própria pessoa “o melhor caminho para se seguir”. A carreira acadêmica a ser escolhida por uma pessoa está intimamente ligada a este movimento da psique, que por sua vez também se liga à carreira profissional. Tudo é uma espécie de corrente